quinta-feira, 30 de outubro de 2008

parto

"Porque na vida, algumas decisões têm de ser pensadas, medidas e calculadas. E outras têm que surgir de uma forma súbita e espôntanea. Tava querendo um blog já fazia um tempo. [...] Mas hoje, com tudo isso aqui na minha garganta, preso, mas querendo sair, me deixando inquieta e inconstante, mais que o habitual, eu resolvi fazer isso realmente. Quer dizer, eu não. Minhas angústias, que são órfãs e carentes. Elas são bem levadas também, que nem criança na sala quando chega visita pros pais. E, quando chega visita, elas saltam, fazem questão de se tornarem bem evidentes, me deixando encabulada e com vergonha. E quando não tem visita, elas vão bater de porta em porta, ou então ligam pra todos os telefones da agenda... Mas, como são órfãs, não têm ninguém para educá-las, e quando elas fazem traquinagem, elas não são postas de castigo, nem são manipuladas para que se sintam culpadas. Então, só sentem o alívio de mostrar pra todo mundo que não são como os outros pensam que são. E aí se acostumam a fazer essas vergonhas... É, minhas perturbações mandam em mim... E elas ficam aqui dentro, se nutrindo das minhas experiências, para depois me abandonar e seguir em direção à luz. Como em um parto. [...]"

texto escrito há muitos anos, no fim da minha infância. é de um tempo em que eu ainda escrevia com maiúsculas... em cada blog que começo, esse é sempre o primeiro post, para dar sorte. é a pulseirinha vermelha no pulso esquerdo de cada um desses meus filhos. as minhas superstições são pouco místicas, são mais obsessivas compulsivas mesmo...