sábado, 7 de fevereiro de 2009

o cheiro de erva doce, as cartas, tudo lembrava ele. nas horas em que estiveram juntos, em todos aqueles anos que já eram passado distante, não havia paixão, não havia ciúme. era tudo letargia, mas de um modo bom, quase em sépia. a relação inominável, o título indizível, as noites dormidas como adultos que não eram, mas tinham dentro deles, tudo, tudo, parecia tão distante como um sonho. bom? sem dúvidas. mas maduro demais, completo demais, denso demais, existencialista demais para seres com tão pouca idade nos ombros, com tanta inexperiência nas retinas... faltou o que só a maturidade mostra - que o que se chama de tédio ameno na realidade é paz. e a isso, só se dá valor quando já se passou por turbulências seriíssimas. almas velhas em existências jovens não querem descanso, querem explorar e tudo que isso implica. então, se está saudável demais, abre-se a porta para o estranho que desequilibrará o estado perfeito da bolha. é mais atraente o nocivo, o perigo, a desculpa para o passional. por isso o fim abrupto como um atropelo. por isso as palavras incoerentes sobre coisas simples. por isso foram viver mais, sofrer mais, quebrar cara e coração - para dar valor ao amor absoluto é preciso padecer. nisso, ela não se lamentou, porque a parcimônia só é felicidade depois de muitos bacanais.

2 comentários:

Anônimo disse...

lindo isso...
assunto funéreo, putrefato, acreditas mesmo nisso?
se estivesse assim, tão a sete palmos, ainda nos acossaria?
estar "six feet under" é estar mais próximo do que pensa;é como uma porta que se abre límpida quando os internos a julgavam trancada a chave...
=***
PS: Pense nisso.

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Belo texto! gostei muito do teu espaço.