quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

alvíssimas paredes próximas entre si, reluzentes ganchos metálicos razoavelmente altos, novíssimos punhos suspendendo a rede no ar, como um feitiço. o balançar da ocasião de subida naquilo o colocava em movimento. o ir e vir do pêndulo que se fazia de tecido e gente dava um nó na cabeça dele, um embrulho no estômago que o fazia considerar parar aquilo e pôr-se em terra firme: o chão, com simpáticas formiguinhas enfileiradas rumo a algum lugar secreto. mas a preguiça, que era tanta, o impedia de tomar qualquer atitude. e assim, o fastio progressivo teve seu espaço de crescimento. olhou a raiz da árvore, que se punha em frente a varanda. retorcida, gasta, velha, antiga. mais que tudo isso, vivida. a copa da árvore transmitia toda a vivacidade que é possível ser expressa, mas a raiz, que era seu sustentáculo, só mostrava decadência. a alegria das folhas claras quase transparentes quando novas, que farfalhavam suavemente por não estarem ressecadas, era baseada em tronco firme e rizos de podridão. até a grama perto da parte exposta da base da árvore não vingava - havia um círculo de esterilidade em torno daquele monumento natural, era como uma proteção do resto da natureza contra aquilo. a textura da parte mais baixa variava da do resto da planta, era como cortiça, era como isopor, era como morte. então, teve um lampejo que mostrou a pior parte de si mesmo, a parte que resistiu a todos os rituais de auto-lapidação. quando se deu conta que a árvore era ele e que o cheiro fétido vinha do próprio âmago, vomitou sem sair do lugar. foi um monstro em que se abriu um buraco e que jorrou podridão. ainda assim, o que o sustentava não foi expulso, só foi exposto [um aviso do infinito], como a raiz de uma árvore velha e imóvel.

4 comentários:

paulo calvet disse...

sem muito o que dizer, apenas me vi nele [por isso a dificuldade].

...depois de ler apenas me varri e me ajuntei, em cacos, bons cacos...

Anônimo disse...

A infinidade de pontes criadas pelo seu texto é clara. O escritor, infelizmente, é o que menos enxerga, ele quase não é capaz de enxergar além da sua própria ponte. Mas, posso dizer como segundo par de olhos, seu texto é humano. Humano no sentido bestial da palavra, algo entre a raíz e onde a alma tem início.

Parcimonioso

Anônimo disse...

Na moral velho, sem querer parecer idiota mas você so está perdendo tempo nesses poemas idiotas, pqp vai trepar, fazer algo mais produtivo =)

Anônimo disse...

ADOREEI O BLOG QUERIDA! MUITO BOM MESMO! ESTOU SEGUINDO...

(sobre o post acima)aai, eh incrível como algumas pessoas são ignorantes né.. Achando que fazer esse tipo de coisa é maais "produtivo" que escrever num blog! Não me conformo com isso! Pke será que ao invés dele perder o tempo dele lendo os nossos blogs não cuida da vida dele? :S

beeijos ;*